A nova TV e o escoamento da audiência

Aparentemente o ódio da Globo pela internet só aumenta. A gigante brazuca não consegue reverter os números e nem emplacar uma integração consistente com a segunda tela.

A sua mais nova tentativa é o humorístico “Tomara que Caia”. Um programa que até tem uma boa idéia mas terrivelmente executada.

O programa contaria com duas equipes contando uma história e que sofreriam “troladas” e precisariam improvisar para continuar seguindo. A equipe que ficar mais tempo no ar ganha.

A idéia nem é ruim, mas erraram feio na execução. Acho que o principal ponto foi a baixa participação do público. Tentaram copiar o esquema de votação do Super Star mas em um programa completamente diferente.

No Super Star o público só pode votar mesmo, a atração principal são as bandas e suas apresentações, e funciona bem. No Tomara Que Caia as pessoas poderiam comandar o programa inteiro, troladas, votação e troca de equipes.

Tomara que saia logo do ar
Tomara que saia logo do ar

Os atores e roteiro também deixam muito a desejar. Pra completar deixaram Os Barbichas como meros assistentes e suas participações são bem pouco exploradas.

Mas a Globo está sangrando por todos os lados.

As novelas perdem audiência e sofrem alterações por críticas negativas nas sociais, as tramas acabam ficando sem sentido e mais desinteressantes.

O pessoal quer uma resposta curta sobre o que está acontecendo e apontam todos os dedos e acusações para a internet. Comparam números dos anos 80 e 90 mas esquecem que além da internet, a TV a cabo também conquistou muito mercado, tirando uma fatia boa da TV aberta.

Não que a TV a cabo esteja segura e feliz com o mercado atual, mas com certeza o baque maior está nos canais abertos que dependem exclusivamente da audiência para se manterem.

O maior problema é que a internet oferece algo inédito e impossível da TV aberta/cabo rebaterem: Liberdade.

Na internet você assiste o que quer na hora que quiser e nada é mais poderoso que esse tipo de escolha.

Olha só um exemplo. Tem gente que assiste os capítulos da novela no Youtube no final de semana. Pra que se estressar, lembrar do horário, desmarcar compromissos para não perder a novela. Chega no sábado ou domingo e coloca no Youtube pra ver. Precisou sair, pausa, vive a vida e depois volta.

Esse tipo de liberdade que tira a audiência, antigamente você estava preso a grade da TV, se passou e você perdeu, já era. Hoje em dia você abre o navegador e procura o que quer.

Acredito que alguém já deve ter sugerido um “Netflix Globo”, o próprio Netflix já tentou negociar alguns programas e filmes sem sucesso. Devem pensar que vão estar concorrendo com eles mesmos, a diferença é que o streaming veio para ficar e por maior que seja o lobby ou manipulação para sobretaxar e até mesmo proibir os serviços, nada vai mudar e não vai voltar ao que era.

Na minha opinião quanto antes a Globo lançasse o seu serviço mais bem posicionada ela estaria. Imagina, um acervo com todos os filmes, novelas e programas. Dinheiro na mesa e que se isso demorar muito para ser posto ao público, maior vai ser a sangria.

Em um futuro próximo, a Globo talvez não teria poder de barganha e financeiro para impedir que grupos comprassem e dilacerassem todo esse conteúdo.

Essa briga está prestes a ficar pior.

Não acredito que demorará muito para ter serviços legais de streaming ao vivo, ocupando a fatia de transmissão de esportes e eventos em tempo real.

O Youtube já faz isso a algum tempo, com certeza o Netflix e outros serviços já pesquisam como implementar.

Agora imagina o estrago de um “Futeflix” com transmissão ao vivo de jogos de todos os campeonatos pelo mundo. Tenho certeza que só a possibilidade estraga o dia de muitos dirigentes/chefões de TVs por ai.

Nada impediria de uma rede de TV que já tem os direitos de transmissão de criar esse serviço, então com um investimento e pouco tempo poderíamos ter Fox Sports, Band e outras entrando com isso no mercado. Fecha uma mensalidade justa e abraços.

O pior é que essa história não é inédita. Aconteceu antes, acontecerá novamente.

O melhor exemplo é quando surgiu a TV e o rádio era a mídia dominante. Provavelmente muita gente ficou bem infeliz com isso, fecharam vagas de trabalho e etc. Mas o principal era que o que o público queria o rádio era incapaz de oferecer e com isso saiu da liderança e a TV reinou absoluto. Imagina, ter um “cinema” em casa, era isso que a TV oferecia e o rádio não estava nem perto disso.

Hoje a TV é como um restaurante que fecha para o almoço. As pessoas querem consumir, mas na hora que sentirem ‘fome’ e não na hora que a TV manda.

Me lembro quando vi a TV a cabo pela primeira vez. Era lindo. Podia ver filme as 9 da manha e desenho de madrugada, não precisava esperar segunda, as 21:37, pra descobrir ainda qual filme a TV iria me conceder o privilégio de ver. Ainda não podia escolher o filme, mas com aqueles montes de canais sempre tinha algo pra ver.

Agora as pessoas podem escolher e dar um passo para trás é algo que ninguém quer.

Pelo visto não só as TVs estão bravas e xiliquentas com a Internet, mas um monte de mídias e meios velhos que a rede está oferecendo. Estão a acusando de acabar com empregos, matar empresas e tudo mais. Aplicativos como o Uber, Whatsapp e outros estão na mira de executivos do século passado que não querem perder sua boquinha. Mas isso é papo para um outro dia.