Apelou, perdeu.

Às vezes eu observo como as pessoas trabalham. Como elas realizam aquilo que escolheram como profissão.
No meu caso, acompanhar o trabalho dos meus colegas é muito fácil, afinal, a cara deles está ai na rua, pronta para levar um belo e sonoro tapa.
Publicidade é assim mesmo, dar a cara a tapa todos os dias.
Recordo-me das minhas aulas, lá as primeiras, onde os professores ensinavam como fazer uma boa campanha e etc.
Essa toda nostalgia me veio em mente quando eu parei para ver a nova campanha do Estadão.
Quando assistindo a primeira vez vi um camarada, sentado ao micro, lendo um blog de algum assunto legal e comentando com sua companheira que achava legal e etc. Na cena seguinte, muda para um laboratório onde o autor do blog é um macaco ( sim, o bicho) e que além de navegar o dotado símio também já conseguia copiar e colar coisas em seu blog, genial.
Meu queixo caiu, mas depois das peças impressas (1,2 e 3) ai sim minha decepção foi completa.
Imagens estereotipadas, agressivas, com ataques baixos e mesquinhos, apelativos e tudo aquilo que uma campanha apelativa e utilizando tudo que meus professores falavam para não usar.
Depois de alguns dias era obvio que muita gente ia escrever sobre o assunto e diversos sites, como o Revolução e tantos outros começaram a postar sobre essa campanha, que não mediu esforços para atacar os chamados blogueiros.
Parei para pensar melhor sobre o assunto, depois que a raiva inicial passou, e acabei deduzindo que realmente a apelação toda foi um ato desesperado, de pessoas que não sabem mais o que fazer para salvar seu jornaleco.
Não é segredo para ninguém que as mídias impressas estão sofrendo uma crise, a televisão esta em crise, quase todos os meios estão em crise e perdendo receita para a Internet, que só cresce e engorda.
Blogueiros os inimigos mortais dos jornais e revistas, por quê? Porque somos livres, não temos diretores nem linhas editoriais, a maioria de nós nem se preocupa se a audiência do site esta subindo ou descendo, simplesmente sentamos e escrevemos sobre aquilo que estamos com vontade de falar. E normalmente por isso, por sermos movidos a paixão e pelo prazer de escrever, acabamos falando com uma profundidade muito maior do que meros estagiários de jornalismo ou pseudo-jornalistas que em troca dos seus tostões vendem seus cadernos para grandes empresas fazerem suas propagandas disfarçadas de matérias, sim o famoso Jabá.
Talvez por isso seja cada vez mais comum que ao invés de assinar os jornais, as pessoas estejam vasculhando na internet a procura de pessoas que realmente saibam sobre o que estão falando.
Grandes empresas já sabem o valor disso, sabem que as pessoas procuram e fazem questão de incentivar que seus funcionários criem blogs.
A Adobe faz isso, a Microsoft também, porque são um bando de macacos ? Com certeza não, é o novo jeito de se tratar com seus consumidores e fornecedores, você precisa deixar que ele participe mesmo da vida de sua empresa, que se expresse, que saiba o que esta acontecendo.
Tenho certeza que muitos jornalistas do Estadão não gostaram da campanha, simplesmente por que muitos jornalistas devem ter seus blogs e como tantos outros blogueiros não gostaram de levar esse tapa de seus colegas publicitários, alias, o Estadão em seu site tem uma área de Blogs.
Acredito que se os publicitários utilizassem a força dos blogs do Estadão para contribuir positivamente com a blogsfera, ganhariam milhares de aliados. Mas preferiram comprar uma briga que eles já perderam antes mesmo de lutar.
É triste ver colegas que ganham muito bem e trabalham em agencias premiadas de prestigio, fazendo peças que seriam bombadas no primeiro período da faculdade.
Olhando rapidamente no Código de Ética do Conar – Conselho de Auto-regulamentação Publicitária, achei na primeira seção esses dois artigos:

  •     •Artigo 19 – Toda atividade publicitária deve caracterizar-se pelo respeito à dignidade da pessoa humana, à intimidade, ao interesse social, às instituições e símbolos nacionais, às autoridades constituídas e ao núcleo familiar.
  •     •Artigo 20 – Nenhum anúncio deve favorecer ou estimular qualquer espécie de ofensa ou discriminação racial, social, política, religiosa ou de nacionalidade.

Colegas, por favor, trabalhem para crescer, sem detonar ou difamar outras profissões ou pessoas.