O triste fim do Google Stadia

Adeus Stadia e obrigado pelos peixes. Acabou.

Hoje a tentativa do Google de entrar no mercado de videogames acabou oficialmente. Não pegou ninguém de surpresa.

Claro que teve gente que anunciou a morte do Stadia antes do lançamento, tinha muita gente esperando para ver o que aconteceria, mas poucos pessimistas.

O Stadia foi aberto ao público geral no dia 19 de novembro de 2019, a pré venda havia começado no início do ano e eu estava bastante empolgado. Muito cético, mas empolgado.

Pra mim o conceito de um videogame de última geração rodar na nuvem e a única coisa necessária serem uma conexão e um controle, me parecia boa demais.

Não foi o primeiro, mas talvez a primeira vez que um grande player (pun intended) estava apostando nessa tecnologia.

Esse era o principal ponto de venda, jogue do computador, tv ou celular sem precisar de um hardware poderoso ou um console.

O trailer a seguir mostra essas vantagens e dá destaque especial ao Destiny 2, que no momento do lançamento era o maior jogo da plataforma.

O controle é uma obra de arte, um dos mais confortáveis e ergonômicos controles que já usei. Felizmente não vai virar peso de papel pois o Google fez a gentileza de liberar uma atualização para usar o controle com bluetooth.

Meu kit chegou e eu fiquei muito surpreendido. Tudo funcionava muito bem, a imagem era boa apesar da minha conexão com a internet não ser das melhores, sem lag perceptível e uma boa biblioteca inicial.

O primeiro jogo que eu joguei com mais frequência foi Destiny 2, mas joguei um pouco do Tomb Raider e em 2020, também joguei bastante o DOOM Eternal.

2153 horas dão aproximadamente 90 dias.

Jogava basicamente na tv usando o Chromecast que fazia parte do kit. Às vezes no PC que tudo que precisava era abrir o site e dar play.

Durante a pandemia de COVID, o Stadia foi com certeza a minha principal fonte de diversão e entretenimento.

E é aí que acabam as coisas boas a dizer sobre o Stadia.

A percepção é que o Google lançou e foi embora. Jogou o recém nascido passarinho pra fora do ninho e “boa sorte filhão”.

O mercado de videogames é muito agressivo para uma atitude passiva assim, mesmo com o melhor sistema e idéias, para fazer o Stadia vingar seria necessário anos de trabalho e investimento. Bom, cá estamos apagando as luzes.

Não teve campanhas, não teve grandes títulos nem parcerias com produtoras AAA de jogos. Não teve jogos exclusivos. Não teve.

Acredito que o Stadia poderia ter sido um excelente ambiente para jogos indie, com um hardware mais controlado, os desenvolvedores poderiam ter algumas facilidades no desenvolvimento. Mas o Google sentou e esperou o mercado se construir sozinho, organicamente.
Me parece a estratégia do fracassado Google Wave, onde apresentaram uma plataforma e esperaram a comunidade abraçar e deslanchar o produto. Falhou feio.

Os números do Stadia sempre foram misteriosos, mas pelo o que algumas estimativas levantaram, em seu auge, chegou a um pouco mais de 1 milhão de usuários ativos. É pouco? Sim, mas para um sistema recém lançado, parecia ser promissor.

Eu realmente não entendi porque o Google investiu tanto até o lançamento e depois abandonou. Não acredito que para uma empresa desse porte eles não tinham uma estratégia pensada ou conhecimento do mercado que estavam entrando. Pra mim me parece que realmente eles confiavam que a aceitação seria muito maior e eles entrariam facilmente.

Acho que um sintoma mais grave é um padrão que o Google está construindo. Investe em produtos e serviços, abandona e depois cancela.

Com toda certeza, se em um futuro próximo o Google quiser investir no mercado de jogos, muita gente vai ter uma atitude mais desconfiada. Na verdade, esse tipo de cultura parece estar contaminando muitas outras áreas, por exemplo, um amigo disse que não vai comprar o novo relógio do Google pois acha que ele vai ser cancelado em pouco tempo. 

Estranho uma empresa querer crescer tendo como atitude o mínimo esforço possível.

Em algumas reportagens e posts, o Google fala que a tecnologia do Stadia será comercializada para empresas, então de alguma maneira isso vai ser incorporado no ecossistema.

Outras empresas tal qual a Microsoft, Nintendo e a Sony também estão trabalhando em suas soluções de videogame na nuvem, eventualmente vai ser mais comum.
Talvez o Google tentou ser muito pioneiro e o mercado não estava pronto? Difícil dizer, especialmente com tanto pouco esforço e tempo investidos.

Pra mim eu voltei para um console, afinal, preciso colocar muitas horas no Destiny 2 ainda.

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